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4 de dez. de 2015

Meu corpo e minhas regras

Por Morgana Mendonça

Não, esse texto não se trata de aborto. Inclusive sobre esse assunto há pastores e teólogos levantando-se contra tamanha aberração midiática promovida até pela maior emissora do país. O ponto central desse texto é o que hoje em dia tem sido denominado por "namoro integral". Falar sobre relacionamento afetivo pode ser algo super desgastado, todavia, falar sobre todas as implicações de um relacionamento afetivo cristão, ainda não.

As implicações são inúmeras, certamente há muitos jovens nas igrejas esperançosos, enquanto outros estão assolados e desesperados em procura do cônjuge ideal. Constatamos facilmente uma realidade de mulheres solteiras e uma quantidade bem maior que homens solteiros. Os congressos do "Eu escolhi esperar" aumentaram a quantidade de jovens aparentemente decididos ao objetivo da espera, todavia, não tão firmes em suas práticas. Relacionamentos a curto prazo promovendo um rodízio instantâneo, é uma realidade absorvida da liderança eclesiástica. A razão disso é, talvez, a falta de acompanhamento que muitos dos jovens e adolescentes não estão encontrando dentro das suas comunidades cristãs.

Embora essa fatídica realidade tenha trazido um imenso estrago emocional, é necessário pontuar que a nível espiritual há uma necessidade de aprendizado bíblico. Observando que a temática midiática "my body, my rules" tenha o intento da apologia ao aborto, acredito que muitas das práticas de relacionamentos entre cristãos são baseadas nesse pensamento, que antes de qualquer coisa é antibíblico e devastador. O casal cristão pode não admitir essa perspectiva no namoro, no entanto, conforme a conduta do casal isso é pura verdade, nada mais que a realidade existente e pecaminosa.

“Meu corpo, minhas regras” tem sido o lema de muitos casais que se dizem confessos a fé cristã. Primeira verdade que você como solteiro deve saber (muitos sabem, mas não vivem): seu corpo não é seu (1Co 6.19). Segundo, não pense que você, declarado cristão, é autônomo (João 15.5). Você tem regras, regras claras e de antemão, não são penosas (1João 5.3). As Escrituras devem ser a regra de fé e prática de todo cristão (Salmos 119.9). Sexo nem antes e nem fora do casamento, nem se você está prestes a casar ou tem certeza que ele/ela é a pessoa da sua vida.

A justificativa de que o casamento já tem a data marcada não significa liberdade sexual, apenas significa que uma das datas mais importantes da sua vida está marcada. A justificativa que o seu amor é verdadeiro não dará o direito de defraudar alguém (1Ts 4.6), inclusive a defraudação não é prova de amor. Possuir algo que não é seu antes de ser, não te garante aproveitá-lo como se fosse um "teste drive". Também não é justificativa dizer que não existe sexo no relacionamento, quando na verdade, tudo existe menos a finalização do ato. O namoro onde tudo acontece, mas o casal teoricamente permanece "virgem" não é o modelo adequado para um cristão genuíno, é de tamanha importância investigar o significado bíblico da "pureza" prescrita nas Escrituras. Então, um envolvimento sexual que contraria o prumo bíblico, é aquele que contém motivações, pensamentos e intenções impuras. Uma questão: um casal namorando pode se envolver sexualmente até que ponto? Em ponto nenhum. Isso não quer dizer que os desejos sexuais pela pessoa amada não sejam algo natural, lógico que é. Entretanto, a coisa certa na hora errada, é a coisa errada. Guarde isso para o tempo em que o momento a dois, do sexo bíblico, será para a glória de Deus. O pecado não é "os finalmente", o próprio Cristo declara onde a origem das corrupções brotam (Mt 15.18-19) e encontramos Tiago falando sobre a cobiça quando nos atrai e seduz (Tg 1.14-15). Ou seja, antes do ato em si, a cobiça que brota de um coração atolado nos desejos impuros, leva o casal ao ato pecaminoso, assim como dizem as sagradas letras.

Deixe-me ser direta, sem rodeios. Muitos casais aparentemente com vestes de pureza são devassos no seu comportamento afetivo. Acampamentos de igreja tornaram-se o momento das "ficadas", as saídas depois do culto no domingo à noite ficaram estendidas não só para comer uma pizza. O tempo de despedida no carro antes de entrar em casa, no cinema ou em qualquer outro lugar serve para praticar "outros" tipos de satisfação sexual, querendo dizer sexo. O incrível é que para muitos, o ato de permanecer virgem, porém praticando outro tipo de sexo, não seja tão pecaminoso assim. Seria o que é chamado hoje de "aproveitar o momento", justificando um sentimento sincero e focando no sexo em si. O famoso "namoro integral". Uma geração de cristãos que usa textos fora do contexto para abarcarem um modelo mundano de relacionamento. Um relacionamento onde o carinho tornou-se carícias é pecado também. Poderia de forma resumida dizer: que carinho é tudo aquilo que você faz que todos podem ver e não constrangem ninguém nem a você mesmo. Carícias são aquilo que é feito escondido, pois é algo íntimo, portanto, constrangedor para ser feito na frente de alguém. Acredito que o campo das carícias está guardado para o casamento, sendo assim o carinho deve ser para a glória de Deus no namoro. A diferença de carícias e carinhos não está tão claro hoje em dia, isso prova que pouco tempo está sendo investido na clareza das Escrituras sobre como um relacionamento afetivo cristão deve ser moldado.

Um bom começo seria buscando nas Escrituras e numa avaliação das motivações. E não adianta procurar exemplos de "namoros bíblicos", as Escrituras não prescrevem o caminho rumo ao matrimônio dessa forma como o contexto em que vivemos dita. A relação entre homem e mulher nas Escrituras tem como base o casamento, uma aliança com Deus. Certa vez alguém me disse: "Namore com alguém que você deseja casar". De fato, há uma razão e um princípio ético e bíblico para essa sentença. Namorar não é um passatempo, um hobby ou um entretenimento. O apóstolo Paulo por diversas vezes menciona o padrão para uma vida de solteiros e casados. Sobre os solteiros ele diz: "Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se." 1 Coríntios 7. 8-9. Paulo no final do capítulo anterior a esse também declara: "Fugi da prostituição. Qualquer outro pecado que o homem comete, é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo." 1 Coríntios 6.18-20.

Sobre a declaração "meu corpo, minhas regras" que muitos em seu íntimo são dominados, necessário é voltar-se ao evangelho. Firmar o coração nas Escrituras e deixar a Palavra reinar de forma detalhada na área das emoções e motivações. Solteiros, seu corpo tem um dono, foi comprado e através dele, Deus deve ser glorificado. Em relação aos casados, o autor aos Hebreus afirma: “O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros.” Hebreus 13.4. Portanto, Deus julgará toda imoralidade praticada por casados e solteiros. Pois aos solteiros é prescrito uma vida longe da imoralidade sexual, assim como aos casados. Sexo antes, fora ou com qualquer outra justificativa que não seja dentro do matrimônio no padrão das Escrituras é pecado.

Infelizmente hoje não é difícil encontrar corações feridos, vidas quebradas por conta de relacionamentos afetivos. Na verdade, essas pessoas, ainda mesmo sofrendo, desejam encontrar alguém que as ame de forma pura e as leve para o altar. Pastores, não tenho dúvidas que jovens no seu rebanho precisam de aconselhamentos nessa área. Que o nosso Deus capacite cada liderança eclesiástica para tratar com zelo sobre essas questões. No Catecismo de Heidelberg (1563), na pergunta 108 e 109 de forma bastante relevante é afirmado:

108. 0 que o sétimo mandamento nos ensina?

R. Toda impureza sexual é amaldiçoada por Deus (1). Por isso, devemos detestá-la profundamente e viver de maneira pura e disciplinada (2), sejamos casados ou solteiros (3).

(1) Lv 18:27-29. (2) 1Ts 4:3-5. (3) Ml 2:16; Mt 19:9; 1Co 7:10,11; Hb 13:4.

109. Mas Deus, neste mandamento, proíbe somente adultério e outros pecados vergonhosos?

R. Não, pois como nosso corpo e nossa alma são o templo do Espírito Santo, Deus quer que os conservemos puros e santos (1). Por isso, Ele proíbe todos os atos, gestos, palavras (2) , pensamentos e desejos (3) impuros e tudo o que possa atrair o homem para tais pecados (4).

(1) 1Co 6:18-20. (2) Dt 22:20-29; Ef 5:3,4. (3) Mt 5:27,28. (4) 1Co 15:33; Ef 5:18

Nosso corpo não é nosso, e as nossas regras são somente as Escrituras. Jovens, homens e mulheres, em suma o que devemos fazer está contido nas Escrituras. No punho do próprio apóstolo Paulo...

“A vontade de Deus é que vocês sejam santificados: abstenham-se da imoralidade sexual. Cada um saiba controlar o seu próprio corpo de maneira santa e honrosa, não dominado pela paixão de desejos desenfreados, como os pagãos que desconhecem a Deus. Neste assunto, ninguém prejudique seu irmão nem dele se aproveite. O Senhor castigará todas essas práticas, como já dissemos e asseguramos. Porque Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade. Portanto, aquele que rejeita estas coisas não está rejeitando o homem, mas a Deus, que lhes dá o seu Espírito Santo.”


1 Tessalonicenses 4.3-8.

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