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1 de jul. de 2015

Consciência: o tribunal da alma

Por Morgana Mendonça dos Santos 

Nesses dias estive em um congresso sobre aconselhamento bíblico [1], que tratava sobre o tema: Conheça sua consciência. Naqueles dias observei essa questão diversas vezes. Nossa consciência! O Dr. William Moore [2] nos questionou sobre a nossa gratidão em relação a consciência. Tipo, você já agradeceu a Deus por ter uma consciência? Meu objetivo não é tratar sobre a origem da nossa consciência, que inclusive há um debate sobre em que momento obtivemos essa consciência. Para o Dr. Moore, nossa consciência nos foi dada após a queda, antes não precisávamos dela. Quero respeitar a posição dele, mas preciso analisar cuidadosamente as implicações. 

Meu intento é resumir pontos interessantes que foram abordados com afinco e dedicação. Em Atos dos Apóstolos 24.16, Paulo diante do governador Félix, defende-se dizendo: "Por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensas diante de Deus e dos homens", uma declaração de extrema importância. O apóstolo afirma buscar ter uma consciência sem ofensas! No Novo Testamento a palavra "consciência" aparece 32 vezes e 21 vezes aparecem nas Epístolas Paulinas. O Dr. Moore afirma que consciência é aquele conhecimento íntimo que ajuda a conhecer a si mesmo. A faculdade interna que nos indica se nossas ações estão certas ou erradas, de acordo com as normas do íntimo dos nossos corações. Nesse ponto ele afirma a sua máxima, dizendo: 

- Você não pode escapar da sua consciência;
- Você tem de viver com a sua consciência; 
- Você pode argumentar com sua consciência; 
- Você pode violar a sua consciência;
- Você pode endurecer a sua consciência; 
- Você nunca poderá se livrar da sua consciência; 

Descrevendo assim um princípio interno, a consciência é algo dentro de cada pessoa  que aprova quando fazemos o que é certo e acusa quando fazemos algo errado, ou seja, quando um padrão moral aceito foi violado o tribunal da alma traz um veredicto dizendo: "isso foi errado!". Esse é o trabalho da consciência. Em Romanos 2.12-16, Paulo mostra a universalidade da consciência, a lei escrita nos corações testificando  juntamente a consciência e os pensamentos. Então há um destaque sobremodo interessante sobre os tipos da nossa consciência. 

1- A consciência naturalmente sensibilizada baseado em Romanos 2.12-16, como parte da imagem de Deus e à lei de Deus operando na graça comum. 

2- A consciência não sensibilizada, baseado em Romanos 1.21-32, é a que rejeita a verdade moral e absoluta, insensível ao discernimento do certo e errado e surdos à voz de culpa e vergonha. 

3- A consciência super sensibilizada, baseado em Romanos 14.14 e 1 Coríntios 10.28-29 é aquela que provoca um legalismo farisaico, isto é, coloca as tradições dos homens em pé de igualdade ou em nível superior de autoridade do que a própria Escritura. Mostrando assim uma falta de maturidade, estudo bíblico e interpretação correta das Escrituras. 

4- A consciência sensibilizada pelas Escrituras, baseado em 2 Timoteo 3.16-17, 1 Timóteo 1.18 e 1 Timóteo 3.9, esta, uma consciência ensinável, humildemente corrigível pela Palavra de Deus. Através do Espírito Santo a consciência responde rapidamente a repreensão, resultando em arrependimento dos pensamentos, das motivações e das ações. Um consciência cativa em Cristo (2 Co 10.5) e sensível em relação a luta contra o pecado (Salmo 32). Diferente de uma consciência cauterizada e insensível (1 Tm 4.1-2). 

Portanto, devemos entender que temos da parte de Deus uma consciência. Eis o nosso desafio, manter a nossa consciência alinhada às Escrituras. O apóstolo Paulo fala sobre a importância de manter-se diante de Deus e dos homens sem ofensas em sua consciência (Atos 24.16). Paulo foi a Jerusalém com propósitos dignos diante de Deus. Aqui ele revela que sempre se esforça para manter sua consciência inviolável e irrepreensível. A palavra "consciência sem ofensas" é  "ἀπρόσκοπον συνείδησιν" que quer dizer sem escândalo, sem chocar ninguém, irrepreensível, impecável. Paulo está dizendo que se esforça para ter uma consciência impecável e pura diante de quem está a sua frente. 

É de extrema importância avaliar essa atitude do apóstolo Paulo com a nossa vida. É necessário uma análise em áreas duvidosas da nossa conduta, podemos sensibilizar a nossa consciência pelas Escrituras e alinhá-las. Com coragem coloque-se na parede e deixe que o tribunal da alma responda as questões no que diz respeito a motivações, pensamento, sentimentos e ações. Faça isso antes de fechar essa página, antes de clicar com o seu mouse em outro site. Sobre você e aquilo que você faz, responda: 

- É proveitoso? (1 Co 10.23)
- É algo que me controla? (1 Co 6.12)
- É um tropeço para mim mesmo? (Mt 18.8)
- É um tropeço para outros? (Rm 14.13)
- Edifica outros? (Rm 14.19)
- Glorifica a Deus? (1 Co 10.31)

Que o tribunal da alma acuse ou aprove para a glória de Deus tudo que fazemos.

"Amo-te, Senhor, a minha consciência não duvida e nem vacila. Feriste-me o coração com a tua palavra e desde então eu te amei". 

Agostinho
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NOTAS:
[1] Congresso realizado no SPN. Esse texto são meus apontamentos e considerações a respeito do congresso. 
[2] Dr. William Moore formado em Linguística e Comunicação Transcultural. Bacharel em Estudos Bíblicos, mestre em Aconselhamento, em Ministério e em Divindade pelo Luther Rice Seminary e Doutor em Ministerio pelo Luther Rice Seminary. Certificado pelo NANC e pelo BCF.

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