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25 de jun. de 2015

Pastores Leigos (Série: Os Sete pecados da Igreja contemporânea)

Por Daniel Clós Cesar

Recentemente li uma pesquisa feita pela sociedade bíblica estadunidense, e apontava que mais de 50% dos pastores daquele país nunca leram toda a Bíblia, e estamos falando de uma pesquisa que se baseia unicamente na resposta dada pelo entrevistado, isto é, este número, pode e deve ser muito maior. Uma outra pesquisa aponta que pelo menos 85% dos pastores em serviço hoje no Brasil não possuem formação teológica alguma... Ok, são pesquisas feitas em duas nações diferentes, mas acredito ser possível traçar algum paralelo.

Nos EUA o percentual de pastores formados ou com alguma formação teológica supera 65% segundo alguns dados da Convenção Batista daquela nação. Agora tracemos o seguinte paralelo: Se em uma nação tradicionalmente protestante, onde pelo menos 65% dos pastores possuem algum tipo de formação teológica, mais de 50% dos pastores nunca leram toda a Bíblia, como fica a situação em um país onde o número de pastores sem nenhuma formação é a esmagadora maioria?

Primeiro, preciso explicar que não creio que a formação teológica é que faz o pastor. Não creio que um bom pastor é aquele que fez graduação, mestrado e doutorado em Teologia. Entendo que formação não é o principal, mas pelo menos, é o básico. Ao verificar na maioria das denominações que não exigem nenhuma formação (nem mesmo no nível básico, como Escola Bíblica Dominical), o nível da Palavra é levado ao extremo da especulação, confusão e distorção. O alimento saudável que é a Palavra é transformado em um pasto insosso e pisoteado sem nenhum valor nutritivo espiritual para a igreja.

É sabido que a não exigência de formação teológica está ligada a denominações que visaram um crescimento rápido. Inicialmente, explicou-se essa expansão com a urgência da pregação da Palavra de Deus. Veja, a intensão era boa, não quero levantar nenhum tipo de acusação a pastores nas décadas de 1970 ou 1980 que fizeram isso, acontece que essa prática acabou por ser usada para a expansão comercial do Evangelho. Hoje, a urgência é um crescimento econômico da igreja. Se em anos anteriores essa prática levava em conta homens que dedicavam-se ao Reino e por isso, mesmo sem formação, eram consagrados pastores, hoje, essa prática consagra homens comprometidos com a denominação. Muitos administradores e gestores, animadores de palco e comediantes.

Recentemente a formação teológica voltou à moda no Brasil, mas como era de se esperar em um pseudo-cristianismo que despenca ladeira abaixo, surgem seminários e cursos de Teologia EAD sem nenhuma estrutura, sem nenhuma referência e sem nenhum compromisso com o ensino, apenas como mais uma forma de arrecadação para ministérios de líderes neopentecostais. Uma farra na venda de diplomas de graduação e pós-graduação, que são chancelados por personalidades do universo gospel brasileiro, como cantores e pastores que igualmente não possuem nenhuma formação.

A igreja institucional paga pela incompetência espiritual de pastores que são extremamente competentes em seus próprios desígnios. Seus objetivos são claros, não há necessidade de formação teológica para eles, mas de conhecerem funções financeiras no Excel e oratória para usar o microfone.


Maranata!

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