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1 de mai. de 2015

Os Povos Não Alcançados ao Nosso Alcance

Por Thomas Magnum

"Deus Chama seu povo para participar de Sua Missão".

Christopher Wright

Gosto muito de acompanhar pesquisas, sejam elas no campo científico, estudantil, comportamental, mercado etc. No entanto quando acompanho pesquisas de cunho missiológico não o faço por mera curiosidade, mas pela grande importância e urgência do trabalho missionário. As pesquisas servem para nortear o trabalho missionário no que se refere a carência dos povos, e considero muito importante a catalogação de povos não alcançados para que as denominações evangélicas e agências missionárias envolvidas na causa do mestre possam ter de forma palpável material de comparação e dados importantes para o campo de pesquisa dos missiólogos. 

No Brasil temos também muito trabalho pela frente na obra missionária, embora tenhamos grande parte de cristãos no país, ainda temos povos não alcançados em vários pontos por aqui. O que nos envergonha é que muitas denominações e igrejas apelam em abrir novas congregações em lugares onde a presença de evangélicos já é reconhecida. O trabalho de pioneirismo tem sido esquecido pelas igrejas e muitas vezes somente o que é observado para a abertura de um novo trabalho é a localidade, os privilégios demográficos e a condição financeira da população em redor, esses dados são importantes para a pesquisa de campo, mas não devem ser a força motriz de missões, a força motriz é a glória de Deus.

Na realidade do nordeste brasileiro, por exemplo, temos poucas igrejas reformadas em bairros de pobreza gritante, vemos comumente igrejas pentecostais e neopentecostais e igrejas reformadas em bairros mais elitizados. Entendo que muitas vezes a igreja está em um bairro desses serve como uma Antioquia que distribuirá para as demais localidades, é um centro missionário. Mas na prática não é o que vemos. Outro fator interessante é que as igrejas transformaram sua missão em uma guerra dicotômica; só se tem interesse na quantidade de “almas salvas” e não na vida dessas pessoas que abraçam a fé. Trabalhos educacionais precisam ser feitos, abertura de escolas confessionais precisam ocupar nossa agenda, um trabalho social mais intenso também deve ser considerado. Ao lembrarmo-nos dos mandatos: espiritual, social e cultural, não devemos somente apreciá-los em nossa leitura e reflexão, mas empregar o que as Escrituras nos dizem e na nossa missão quanto igreja.

Ao termos um avanço desenfreado do neopentecostalismo nos centros urbanos no Brasil e em minha realidade geográfica no nordeste do país, observo que não há tamanha urgência em muitas denominações, na verdade o que ocupa a agenda de muitas igrejas é sua reforma do templo, a compra de aparelhagem de som top de linha e bons instrumentos musicais. Tudo isso é importante, mas, não mais importante do que a pregação do Evangelho. Enquanto estamos aqui em nosso narcisismo eclesiástico pessoas estão precisando ouvir a mensagem de salvação e a forma que Deus determinou para que essas pessoas sejam salvas é a pregação do Evangelho de Cristo. Devemos reformar nossos templos e termos na medida do possível uma boa aparelhagem de som, no entanto muitas vezes igrejas muito preocupadas com isso tem uma contribuição ínfima com missões. Minha crítica não é a termos zelo pelo templo, devemos ter, mas o trabalho de pregação da igreja não deve estar restrito aos cultos, devemos ir como Jesus ensinou.

Como disse no início do artigo, dados são importantes para que de certa forma visualizemos a realidade da urgência da missão para igreja brasileira e o incrível que os dados que passarei aqui não são de povos distantes de nós, pelo contrário.

Temos oito principais grupos a serem alcançados no Brasil, a saber:

- Os indígenas, com 117 etnias sem presença missionária;

- Os ribeirinhos, cerca de 10.000 das 37.000 comunidades ribeirinhas da bacia amazônica sem a presença de igrejas evangélicas;

- Os Ciganos, principalmente da etnia Calon, com apenas 1.000 crentes professos dos 700.000 Ciganos Calon no Brasil;

- Os Sertanejos, com aproximadamente 6.000 assentamentos rurais que não tem uma igreja evangélica;

- Os Quilombolas, com uma estimativa de 2.000 comunidades sem igrejas;

- Os Imigrantes, com uma população de quase 300.000 de mais de 100 países, inclusive 27 países com restrições para a entrada de missionários;

- Surdos, temos pouco mais de 90.000 crentes confessos, no entanto temos uma população de surdos de aproximadamente 9 milhões de pessoas;

- Os mais ricos e os mais pobres, as taxas de presença evangélica nesses grupos é muito pequena.*

Diante de dados assim devemos parar e refletir o quanto temos que fazer e que não podemos ficar de braços cruzados, devemos orar, contribuir, enviar. Devemos fazer os três e não um só, devemos ir, contribuir e orar. Centros urbanos têm muitos imigrantes que podem ser evangelizados e estes serem os missionários do seu povo, precisamos atentar para o que Deus tem posto em nossas mãos. Deus é quem salva, Deus não depende da igreja, mas o imperativo foi dado a nós “indo e fazendo discípulos”. Muitos jovens tem saído dos seminários teológicos e poucos destes tem interesse por missões. Muitos pensam em pastorear grandes igrejas e ganhar bons salários como pastores ou dar aulas em seminários, mas não se preocupam com os não alcançados, essa não era a realidade do Apóstolo Paulo:

Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.  (Atos 20 : 24)

Gostaria de finalizar com alguns pedidos de oração:

- Ore para que Deus desperte igrejas para a urgência do trabalho missionário;

- Ore para que os seminários teológicos desenvolvam um bom treinamento missiológico para futuros pastores e missionários;

- Ore para que Deus levante os vocacionados;

- Ore para que tenhamos um maior material missiológico no Brasil no que se refere à literatura missiológica das nossas realidades socioeconômicas e antropológicas;

- Ore para um maior comprometimento das igrejas tanto financeiro quanto de apoio e cuidado pastoral para com os missionários que estão no campo;

- Ore para que os missionários enviados sejam fieis a sã doutrina e não se deixem governar por modismos ou experiências, e tenham seu trabalho dirigido pela Escritura Sagrada.

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*Revista Aliança Missionária, ano V, Nº7.

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