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13 de mar. de 2015

Sete Marcas de uma Igreja Saudável

Por Carl Trueman

Enquanto a igreja no Ocidente enfrenta uma marginalização social que ela não conheceu por mais de 1500 anos, a questão das marcas da igreja, aquelas características identificadoras que ela possui, provavelmente se tornará mais urgente. Abordagens reformadas tradicionais tendem a oferecer três marcas: A Palavra fielmente pregada, os sacramentos devidamente administrados e a disciplina da igreja corretamente aplicada. Sempre houve alguma flexibilidade entre a tradição reformada com respeito a esses pontos. Calvino defendeu somente duas marcas explícitas, Palavra e sacramentos, enquanto a Assembleia de Westminster colocou a adoração no lugar da disciplina. Lutero, contudo, ofereceu sete: 1. A Palavra, 2. Batismo, 3. Eucaristia, 4. As chaves exercidas publicamente, 5. Ministério ordenado, 6. Oração, louvor público e ações de graças a Deus, 7. A posse da sagrada cruz.

Nós podemos, claro, ver pontos de sobreposição fundamentais entre Lutero e os reformados aqui (e.g., a Palavra é primária), e também reduzir o número ao contar batismo e eucaristia como um. Sua grande contribuição encontra-se no último ponto, posse da sagrada cruz.

Ao tornar a posse da sagrada cruz em uma marca da igreja, Lutero faz três coisas. Primeiro, ele oferece um contraponto polêmico ao culto católico romano das relíquias, no qual pedaços da verdadeira cruz e frascos do sangue de Cristo eram centrais. Justificação pela graça por meio da fé não tinha necessidade de tais coisas. Segundo, ele conecta sua visão da verdadeira igreja à ideia tradicional do rastro de sangue, na qual perseguição externa validava a verdade do testemunho da igreja, dado que as trevas sempre perseguirão a luz. É por isso que martiriologias como as de Foxe eram tão importantes na Reforma.  Elas ofereciam uma resposta, embora simplista e geralmente tendenciosa, à questão de onde a igreja tinha estado entre ca. 500 e ca. 1500.   Terceiro, e mais importante, ao focar a cruz Lutero colhe da noção paulina da cruz como revelação dos propósitos de Deus e critério de verdade em teologia e na vida da igreja.   Esse último ponto é possivelmente sua mais importante e original contribuição para a doutrina da igreja. Ela conecta-se a seu entendimento de revelação, do evangelho e da personificação dessas duas coisas na igreja antes da Segunda Vinda e o Juízo Final.

A doutrina de Paulo sobre a cruz em 1 Coríntios e sobre a igreja em 2 Coríntios aponta para o fato de que o reino está por sua própria natureza atualmente oculto sob sofrimento e contradição. Isso não deve ser uma fonte de desespero para o crente, pois o poder de Deus verdadeiramente se manifesta em e por essa fraqueza.   Ao pegar essa ideia paulina e torná-la em uma marca da verdadeira igreja, Lutero certamente adiciona uma dimensão a nosso entendimento de eclesiologia que as taxonomias reformadas tradicionais deixaram escapar. É também uma que deveríamos recapturar, pois ao colocar a fraqueza em seu contexto teológico e eclesiológico correto, ela oferece um quadro de referência para entender as dificuldades que a igreja agora enfrenta e que provavelmente enfrentará com crescente frequência e intensidade no que se pode ver do futuro. Para Lutero, assim como Paulo, a igreja reflete a cruz: poder aperfeiçoado em fraqueza. E, como a cruz, a igreja assim revela aqueles que estão sendo salvos (aqueles que compreendem a fraqueza dela) e aqueles que estão perecendo (aqueles que a desprezam por sua fraqueza).

Fonte: Reforma 21

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