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12 de nov. de 2014

O Problema da Modinha

Por Carl Trueman

Confissões de um não-hipster

Um estudante recentemente me perguntou por que eu odeio tanto as modinhas. Do meu gosto musical às minhas escolhas de sapato, eu vou naquilo que penso ser atemporal (rock clássico e brogues) ao invés do que é contemporâneo (tudo que foi gravado ou desenhado desde 1985, por exemplo).

Eu respondi que vivemos uma grande parte das nossas vidas antes dos 25 anos. Nessa época, os gostos se consolidam. Daí em diante, o Senhor me livrou da necessidade de me vestir como um roqueiro desarrumado, conversando em algum tipo de linguajar das ruas extremamente embaraçoso para fingir que ainda consigo me conectar com “os jovens”. Eu sou, afinal de contas, um ministro Presbiteriano Ortodoxo. É difícil imaginar algo mais fora de moda ou culturalmente deslocado. Mais ainda, qualquer um que tenha escutado qualquer tipo de rock produzido nos últimos vinte anos sabe o insulto que geralmente é ao gênero.

Teologia Reformada: O Fator da Moda

A conversa, entretanto, tendeu para uma direção mais séria: o atual reavivamento da teologia reformada é levado pelo fato de que as pessoas pensam que é legal ou porque as pessoas pensam que ela é verdadeira?

Eu me alegro em ver o apetite crescente entre homens e mulheres com menos de 40 anos de idade pelos grandes expoentes da graça soberana, a propiciação de Cristo, a justificação pela fé somente e a centralidade da pregação. Que essas coisas estejam de volta ao foco de uma forma que não poderia ser antecipada há dez anos é realmente um grande testemunho, tanto da graça de Deus quanto do profundo comprometimento e esforço de uma geração inteira de cristãos.

Ainda assim, eu tenho um sentimento – talvez em função do meu pessimismo britânico – que talvez estejamos presenciando algo mais de moda do que genuíno.

Reavivamento Genuíno: o que querem os hipsters

Quais seriam os sinais de que esse reavivamento da teologia reformada é genuíno?

A longo prazo, seria a existência de igrejas organizadas (com pastores, presbíteros e membros), onde esse material é pregado fielmente, e o evangelho é vivido e pregado diariamente. E isso seria conseqüência de algo mais imediato: uma piedade que não precisa chocar ou ser egocêntrica por conta da própria sensação de estar na moda.

Essa piedade trará o foco para as qualidades de caráter e prática que Paulo exalta em suas cartas, ao invés dos traços de estrelismo que muitas vezes ele condena em suas palavras à igreja de Corinto. Ela se manifestará em um compromisso humilde com a reunião da igreja local, a atenção humilde à pregação da Palavra e o serviço humilde da congregação. Ela se mostrará no cuidado zeloso de nossas mentes e corações (a parte mais difícil) com as doutrinas e comportamentos duvidosos – não para conquistar o favor de Deus, mas porque Deus já nos abençoou com todas as coisas boas em Cristo. Ela não será brusca ou gritante. Talvez não seja nem legal nem relevante, exceto por acidente.


E é essa piedade na igreja que eu temo estar faltando nesse movimento atual.
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