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30 de nov. de 2014

Aliança da Lei

Por Thiago Oliveira

“E eu vos tomarei por meu povo, e serei vosso Deus; e sabereis que eu sou o Senhor vosso Deus.”

Êxodo 6:7

O conceito de Aliança da Lei parece impróprio. As leis são sempre entendidas como instrumento para coagir, enquanto que uma aliança é um relacionamento. Sendo assim, Deus quer se relacionar com os seus através da coerção? Para responder a esta pergunta, é preciso entender o propósito da Lei.

A Lei faz parte do plano divino da redenção e está atrelado aos outros pactos. Os hebreus receberam a lei no Sinai quando foram libertos da servidão no Egito, portanto, o recebimento da Lei está atrelado a sua libertação. Lemos em Ex 2.23-25 que Deus ouviu os gemidos dos filhos de Israel e lembrou-se da aliança que fez com Abraão, com Isaque e com Jacó. Portanto, não podemos tratar, como sugerem alguns, a Aliança da Lei como se estivesse à parte da Aliança da Promessa. A Lei é consequência da promessa da benção feita ao patriarca israelita de que através de sua semente, seriam benditas todas as famílias da terra (Gn 12.3).

REVELAÇÃO ESPECIAL

Quando Deus faz uma aliança no Sinai com os descendentes de Abraão e a eles se revela através de preceitos que foram por Ele criados e estabelecidos, esta revelação deve ser considerada especial, pois até então, não havia ficado tão claro quem era o SENHOR e qual o comportamento Ele esperava do povo que estava formando para si.

No Sinai, o povo observou raios e trovões, terremoto, fogo e fumaça. Era o próprio Deus no topo daquele monte entregando a Lei a Moisés. Os preceitos que continham os Dez Mandamentos e leis específicas foram dados por Deus, e por Ele impostos ao povo. A resposta que os hebreus dão é a seguinte: “Tudo que falou o Senhor, faremos” (Ex 24.3). O caráter de aliança fica claro após o ritual feito pelo povo, sob a mediação de Moisés:

Moisés escreveu todas as palavras do Senhor, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel; E enviou alguns jovens dos filhos de Israel, os quais ofereceram holocaustos e sacrificaram ao Senhor sacrifícios pacíficos de bezerros. E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em bacias; e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. E tomou o livro da aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos. Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o Senhor tem feito convosco sobre todas estas palavras”. Êxodo 24:4-8.

A LEI É BOA

Devemos ter em mente que a Lei deve ser celebrada como algo bom que 1) permitiu que aquele povo se torna-se uma nação, 2) permitiu que o conhecimento sobre Deus fosse o mais claro possível e, por, último, 3) permitiu o autoconhecimento.

Alguns eruditos defendem o ponto de vista de que esta aliança difere da abrâmica por ter a obediência como condição. Todavia, a obediência fora requerida por Deus muito antes. O próprio Abraão devia ser obediente, ele e sua descendência, ou seja, os hebreus (Gn 17.9).

Mas podemos enxergar graça na Lei, sim, pois mesmo sob a condição de obediência, Deus estabeleceu um sistema de remissão de pecados através do sacerdócio e dos sacrifícios. Ali no tabernáculo, o Sumo-Sacerdote entrava uma vez por ano no lugar Santíssimo e através do sacrifício de um cordeiro sem mácula, realizava o ritual expiatório, para que a nação de Israel fosse perdoada. O que quer dizer este sistema?

APONTANDO PARA CRISTO

Os sacrifícios, as festas, o santuário e tudo mais que preceituava o código mosaico apontava diretamente para aquele que fora prometido em Gênesis 3.15. Tudo na lei tinha um apontamento messiânico. Na teologia usa-se o termo “arquétipo”, ou seja, um modelo. Quem melhor irá trabalhar este conceito é o escritor da Epístola aos Hebreus. O conteúdo desta carta é mostrar a superioridade de Cristo, mediador de uma nova aliança, sob a aliança sinática (feita no Sinai).

O apóstolo Paulo, em Gálatas 3.24-25 nos fala que a Lei foi a tutora que nos conduziu até Cristo. A Lei é incapaz de nos salvar, pois sempre tropeçamos nela devido a nossa natureza pecaminosa. Mas ela não foi empecilho para o Salvador, que a cumpriu por inteiro, e por nós. Concernentemente, foi a Sua retidão, e não a nossa, que nos tornou santos e nos deu acesso direto ao pai, coisa que nada e nem ninguém seria capaz de fazer. Isso deve nos fazer entender de uma vez por todas que até na Lei a graça de Deus é manifesta.

APLICAÇÕES

Podemos aplicar este estudo da seguinte maneira:

- Olhe para si mesmo: A Lei, como sendo uma revelação vinda diretamente do próprio Deus, indica que o que está nela é o padrão que o SENHOR requer para o seu povo. Todavia, devido ao nosso pecado, estamos muito longe de cumprir o que nela está prescrito. Devemos então observar o retrato de nossa miséria e recorrer ao único que pode nos salvar. Aqueles que tentam se achegar a Deus pelo caminho da moralidade, esforçam-se em vão, pois a Lei é uma unidade e quem quebra uma parte dela, quebrou-a em sua totalidade (Tg 2.10).

- Apele para a cruz: Se nós falhamos em cumprir o que Deus ordena, sabemos que houve um que lhe foi obediente até a morte, e morte de cruz. Devemos confiar a nossa vida a Jesus Cristo. Por meio d’Ele teremos a vitória sobre o pecado e não mais andaremos sob o julgo da lei. Atentemos que não está debaixo do julgo da lei não significa que devemos violar seus preceitos morais, como roubar, matar, cobiçar, etc.

- Reflita a imagem de Deus: Uma outra faceta da Lei foi revelar a nós o caráter divino. Pela lei sabemos que Deus é santo e que não há como servi-lo se não for pelo caminho da santidade. Devemos saber que Cristo não apenas morreu por nós, como vive em nós. Assim sendo, podemos sempre rogar para que Cristo nos transforme e nos amolde e que culminará quando estivermos na Glória. Precisamos compreender que não estamos sozinhos e nem na nossa própria força. É o próprio Deus quem nos santifica (1Ts 5.23).

Louvado seja Deus!

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