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30 de out. de 2014

Reforma na Escócia

Por Dorisvan Cunha

Antes do estabelecimento da Fé Reformada na Escócia, a Igreja Católica Romana estava totalmente corrompida e pervertida em sua maneira de cultuar a Deus e em sua forma de governar a igreja. Nada muito diferente dos movimentos neo-pentecostais de nossos dias.

Os estudiosos nos contam que naqueles dias as pessoas se curvavam diante de imagens de esculturas e adoravam inúmeros objetos de culto, abominados pela palavra de Deus. Os mártires, os apóstolos e a virgem Maria também eram cultuados. 

A igreja estava abarrotada de invenções de homens, e, portanto, completamente fora dos padrões que os apóstolos nos legaram. A igreja na Escócia estava no caos e precisava urgentemente de uma intervenção verdadeiramente reformada.

E nesse ambiente de total apostasia, aprouve ao Senhor Deus levantar um corajoso e destemido homem chamado John Knox. Knox era Discípulo de João Calvino, e veio com a finalidade de trazer o povo de volta ao Testemunho dos apóstolos. Knox era homem corajoso e ousado, muito diferente de alguns líderes covardes de nossos dias. Por sua coragem e bravura, enfrentou as corrupções do catolicismo Romano, e lutou incansavelmente para purificar a igreja e a nação das corrupções da falsa adoração.

A história foi mais ou menos assim:

Por conta da severa perseguição aos Protestantes na Escócia, Knox foi forçado a fugir do seu país. Nesse período ele foi para Genebra onde João Calvino estava balançando a cidade com a obra da reforma. Como aluno de Calvino, John Knox aprendeu acerca do verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo, em especial sobre a forma de governo bíblico e os princípios básicos da adoração cristã.

Pelo fato de ter percebido que eram ideais absolutamente apostólicos, e, portanto, validados pela Palavra de Deus, Knox abraçou tais ideais e decidiu lutar por eles. Dezembro de 1557 foi um período importante, pois foi nesta época que os nobres escoceses fizeram um pacto de usar suas vidas e bens para estabelecer "a Palavra de Deus" na Escócia. E nessa conjuntura, Knox iria voltar para implantar o calvinismo e fundar a igreja presbiteriana escocesa.

Em 1559 ele retornou e no ano seguinte, o parlamento escocês estabelecia a Igreja da Escócia, a igreja Presbiteriana. John Knox fez severa oposição à rainha católica Maria Stuart (1542-1587), que era prima de Elizabete. Isso de tal maneira que alguns anos mais tarde, Maria teve de fugir e buscar refúgio na Inglaterra, onde acabou sendo executada por ordem da própria Elizabete, em 1587.

Da obra de Knox, gostaria de destacar dois pontos importantíssimos:

1 – Primeiro: Foi então na Escócia de John Knox que surgiu o conceito de “presbiterianismo” que diz respeito à forma de governo da igreja. Obviamente, os reis ingleses e escoceses não eram simpatizantes desta forma de governo, pois sempre defenderam o episcopalismo.

O episcopalismo é aquele forma de governo onde a igreja é governada por bispos, e os reis ingleses amavam essa idéia, uma vez que os bispos eram nomeados pelos reis, e com isso, a Igreja seria mais facilmente controlada pelo estado e serviria aos interesses da Coorte. Porém, fundamentado no testemunho dos apóstolos, e com uma mentalidade agora verdadeiramente reformada, Knox insistiu que a forma de governo do Novo Testamento é Presbiteriana, o que significa que a igreja deve ser governada por oficiais eleitos pela comunidade, e não pelo estado.

Como era de se esperar, portanto, o estabelecimento do modelo Presbiteriano de governo não foi fácil. Foi somente após um longo e tumultuado processo que o presbiterianismo implantou-se definitivamente na Escócia.

2 – Em segundo lugar, destaco os esforços de Knox em relação à pureza do culto público. Knox condenou abertamente as práticas da igreja e mostrou ao povo os erros grotesco da igreja em relação à adoração. Knox acreditava que Somente a Escritura deve ser o guia para a adoração pública. Sendo assim, todas as práticas que não são validadas pela Palavra de Deus, devem ser repudiadas e abolidas. Assim, Knox apresentou à igreja uma forma de adoração totalmente bíblica.

O culto passou a ser então, uma atividade corporativa, onde as pessoas de fato estavam envolvidas. O latim foi substituído pelo inglês, de modo que todos podiam entender o que estava acontecendo na celebração. A Bíblia foi traduzia e entregue nas mãos do povo. Agora todas as igrejas tinham uma Bíblia em inglês e a expunham regularmente para que até mesmo aqueles que não podiam ler, pudessem se fossem beneficiados. A mensagem da cruz passou a ser uma mensagem simples, sem a implementação de aparatos papista. Os Salmos passaram a ser cantados e a igreja se tornou totalmente comprometida com Palavra de Deus.

Estou convencido de que hoje, no século 21, precisamos urgentemente de uma nova reforma. Isso porque, infelizmente, a grande ênfase é naquela forma de culto ditada pelo gosto do freguês e não pela autoridade da Palavra, o que leva muitas denominações introduzem elementos estranhos na adoração do Senhor.

Em nossos dias, Deus se transformou em um objeto de manipulação dos adoradores extravagantes.

Vemos nos cultos de hoje campanhas políticas, distribuição de amuletos da sorte e muitos outros aparatos pagãos repudiados pela Palavra de Deus. A fiel pregação foi substituída por piadas motivacionais e o resultado é que a igreja se paganizou e se afastou totalmente do ideal da Reforma protestante.

Mas, com Knox aprendemos que o homem por si mesmo não pode decidir como Deus deve ser adorado. Somente Deus pode determinar isto. E se isso é verdade, então, as práticas pagãs dos movimentos neo-pentecostais, precisam ser condenadas e abandonadas urgentemente. Como disse Paulo, “é preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância”. Somente o que Deus ordenou em sua palavra deve ser levado a sério e defendido como parte da adoração de Deus.

Permaneçamos firmes e não negociemos o que recebemos a preço do sangue de milhares de mártires.