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13 de set. de 2014

A Cultura de Massa e o desejo pecaminoso


Por Thomas Magnum

Ao visualizarmos mesmo de forma leiga o panorama das plataformas midiáticas [1] a nosso dispor, é fácil identificar os grandes esforços dos meios de comunicação de massa em seduzir o receptor com sua proposta ou produto. Ao fazermos referência a esse fato, não identificamos somente as campanhas de marketing, enfatizando o enfoque sedutor e persuasivo dos programas de TV, como: novela, Talk Show, Game Show, Reality Show, programas de auditório. Podemos traçar um entendimento elucidativo sobre o papel da mídia. Ao entendermos o desenvolvimento da indústria midiática, é fato claro que a evidência influenciadora em comportamentos narcisistas, pluralistas, relativistas e hedonistas fazem parte do foco de pesquisa e aplicabilidade de teóricos da comunicação. Estes empregam de forma eficaz nos meios massivos, técnicas de persuasão e indução psicológica.  Contemplando o contexto social, podemos observar uma audiência ávida por prazer e satisfação imediata; tornando-se evidente até por parte de muitos líderes religiosos. Tais técnicas de manipulação são utilizadas como recursos para angariar fiéis e lhes proporcionar através de uma nova visão religiosa o prazer de ser servido por um Deus diferente do que o cristianismo histórico tem propagado por tantos séculos. O Dr. John MacArthur nos apresenta algo muito importante:

Inúmeras vezes os programas diários de entrevistas na televisão apelam desavergonhadamente aos interesses lascivos das pessoas. [2]

Numa pesquisa sobre os gêneros televisivos no Brasil podemos observar:

No que tange aos gêneros, o estudo confirmou percepção corrente entre pesquisadores e estudiosos do campo: o jornalismo é o tipo de conteúdo mais frequente, totalizando 464 horas e 7 minutos. Em segundo lugar estão os programas de entretenimento, com 79 horas e 10 minutos, esportivos, com 74 horas e 51 minutos, e culturais, com 74 horas e 40 minutos. [3]

Como podemos ver, depois do conteúdo jornalístico na TV brasileira, temos o entretenimento como o mais assistido. Claro que não vemos nada errado nisso, mas, o grande problema é seu conteúdo imoral, infame, pecaminoso, que degrada a pessoa, violenta os bons costumes e a moral de uma sociedade. Por exemplo, quando vemos vários debates no Brasil sobre Estado Laico e liberdade de imprensa, não estamos falamos de laicidade que é fruto do pensamento cristão [4], vide a história e pensamento do puritanismo inglês. Estamos falando de libertinagem desenfreada, estamos falando de valores cristãos corrompidos, estamos falando de permissividade e libertinagem. Podemos constatar a concupiscência como base dos meios massivos de comunicação, o desejo é o foco a ser explorado pela grande mídia, vejamos o que a Bíblia diz:

Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não são do Pai, mas do mundo. I João 2:16. 

Ao observarmos a manipulação estratégica baseada na cobiça, podemos identificar a matéria-prima do pensamento pós- moderno implantado nas plataformas de mídia. Há não muitos anos atrás era normal comerciais de cigarro com homens praticando esportes radicais, ou corridas a cavalo e dispostos fisicamente a realizarem as mais diversas atividades, qual era o objetivo? Levar o receptor (telespectador) a entender que o ato de fumar é sinônimo de liberdade e status. Não é raro em comerciais de cerveja a presença de mulheres seminuas e sensuais, com que objetivo? Para implantar uma associação do prazer da bebida com o prazer sexual, e garrafas de cerveja com formatos anatômicos com traços semelhantes a silhueta feminina. No atual programa Big Brother Brasil, podemos ver alguém acima do peso? Ou com alguma imperfeição física? Não, porque a intenção é o despertar da lascívia, é mostrar homens e mulheres sarados, senas de sexo, ou quase isso, homossexualidade, adultério, bebedeira. Em uma análise dos pais do pós-modernismo que são seus grandes idealizadores. Michel Foucault, Jacques Derrida e Richard Rorty, identificaram seus principais pensamentos com as técnicas midiáticas:

A negação do eu - Foucault em seus escritos favorece a alteridade e não a mesmice.

Descontrutivismo - Derrida, traz a negação da linguagem com o mundo externo.

Pragmatismo - Rorty é o “vento fresco” do pensamento pós-moderno, desenvolvendo o conceito não realista da verdade.

Veja que, no crescimento desses conceitos básicos dados por Foucault, Derrida e Rorty, temos uma “santa ênfase midiática”:

Narcisismo - o egoísmo é incentivado e elogiado dando ênfase ao “jogo da vida”.

Hedonismo - o importante é você conquistar e desfrutar disso, você merece um carro importado, um celular de ultima geração, usar roupas de grife etc.

Relativismo - o que é errado para você é certo pra mim e vice versa. Valores morais, familiares, religiosos, éticos são relativos e não devem ser o cânon da sociedade.

Quando a bíblia nos fala da concupiscência da carne, dos olhos e da soberba da vida nos adverte a alguns fatores importantes.   Ao lermos no versículo 17 do capítulo 2 da primeira carta de João, a concupiscência da carne não se referem apenas a pecados sexuais, mas, inclui todas as ambições humanas e desejos mesquinhos, é julgar as coisas do mundo com normas puramente materiais é endeusar os prazeres puramente humanos [5]. Essa é literalmente a intenção da cultura de massa e a dogmatização do prazer, o individuo como escravo das determinações culturalistas da mídia. O agendamento faz parte do sucesso de programas, novelas e reality shows. Tudo é meticulosamente planejado para que durante os dias seguintes da exibição, haja comentários e publicidade sem custo do fato ocorrido. Ao notarmos o que a Bíblia diz com concupiscência dos olhos, vemos como é seria a questão.  As concupiscências dos olhos são as tentações que nos atacam de fora para dentro. A concupiscência dos olhos é a tendência a deixar-se levar pela exibição externa das coisas, sem investigar os seus valores reais. A concupiscência dos olhos segundo Barclay, inclui o amor pela beleza separado do amor pela bondade [6]. É esse tipo de cobiça que vemos estampada na mídia maior, a sedução estética em detrimento da boa moral e bons costumes violando o que a Bíblia nos diz sobre ética, família, sexo, relacionamentos e religião. Vejamos o que diz Pierre Bourdieu teórico do campo da comunicação:

Há regras tácitas desse jogo que vai ser jogado, tendo cada um dos universos em que circula o discurso uma estrutura tal que certas coisas podem ser ditas e outras não. Primeiro pressuposto implícito desse jogo de linguagem: o debate democrático pensando segundo o modelo de luta livre; é preciso que haja enfrentamentos, o bom, o bruto... E, ao mesmo tempo, nem todos os golpes são permitidos, é preciso que os golpes transcorram na lógica da linguagem formal, erudita. [7]

Com essa declaração podemos entender como disse Bourdieu que há uma questão semântica no campo da linguagem estrutural da mídia. Não é uma suposição fundamentalista ou conspirativa, mas, a evidência de que a mídia vale-se do campo semiótico para imprimir seus conceitos e filosofias na opinião pública. Porque vemos grupos minoritários no Brasil terem evidência como se fossem maioria? O poder massivo da mídia proporciona esse megafone de ideologias anticristãs na sociedade. É importante falarmos sobre o campo semiótico aplicado nas artes e consequentemente na mídia porque essa semiologia vai ditar os símbolos catequéticos para a materialização das ideias tanto no campo, político, artístico, ético, religioso e familiar. É esse peso do simbolismo que irá ditar as regras da moda, do consumo, da vaidade do homem radicalmente caído.  É interessante enfatizar aqui, que os sentidos são os meios pelos quais adquirimos conhecimento [8], e por meio de tais sentidos também somos tentados. Como disse o Heber Campos em seu livro sobre o Habitat Humano, O Paraiso Perdido [9]:

Eva foi tentada foi tentada pelo sentido do paladar 

E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer (Gênesis 3:6a).    
    
Eva foi tentada e enganada pelo sentido da visão
...e agradável aos olhos (Gênesis 3:6b).

Eva foi tentada e enganada pelo sentido da mente

...e árvore desejável para dar entendimento (Gênesis 3:6c).

Eva foi tentada e enganada nos seus sentidos espirituais porque não creu na palavra de Deus

...tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela (Gênesis 3:6d).

Por fim, a consequência da concupiscência da carne, da concupiscência dos olhos é inquestionavelmente a soberba da vida, John MacArthur nos diz:

A expressão tem a ideia de arrogância por causa das circunstâncias, que produzem altivez ou exagero, levando a pessoa a ostentar o que possui para impressionar outras. [10].

A sedução e indução psicológica não são somente da televisão, mas, ao vermos hoje o grande avanço do conhecimento e o desenvolvimento da cibercultura. Por cibercultura entendemos a relação entre as tecnologias de comunicação, informação e cultura. Emergentes a partir de uma convergência informatização/telecomunicação desde a década de 1970. Trata-se da interação entre tecnologia e sociabilidade que tem configurado a cultura contemporânea (Lemos, 2002). Essa evolução contemporânea de cultura, tem trazido benefícios, mas também muitos males para nossa geração. Que acabou se tornando zumbi em uma camada superficial de humanitarismo frouxo e falso. A internet tem sido o meio mais rápido de comunicação de massa. Proporcionando com isso uma abertura maior que não tínhamos em dez anos. O crescimento do terrorismo, pornografia, movimentos sociais benéficos e maléficos, pedofilia e outros males, tem sido indiscutivelmente mais evidentes em ambientes virtuais.  A igreja precisa se pronunciar, compreender sua geração e lhe dar respostas para uma juventude que precisa de socorro, a genuína pregação do Evangelho faz toda a diferença nesse momento da história que vivemos. Mas, não podemos negar que precisamos discernir nosso tempo e sermos semelhantes aos filhos de Issacar no tempo de Davi:

E dos filhos de Issacar, duzentos de seus chefes, destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, e todos os seus irmãos seguiam suas ordens. 1 Crônicas 12:32.

Não devemos ser alienados, pelo contrário temos que influenciar, sermos sal da terra e luz do mundo, mas, nunca esquecendo a oração do Senhor:

Não são do mundo, como eu do mundo não sou.  João 17:16.

Portanto uma compreensão de nossa época e em que tempo estamos inseridos é imprescindível aos cristãos modernos, modernos no sentido do tempo, não na essência da mensagem do Evangelho. A cultura de massa emergente desde a revolução industrial merece ser pesquisada e discernida por líderes cristãos atuais, entender nosso tempo é fundamental para veiculação e transparência de nossa mensagem e expressão seja ela artística, literária ou vivencial.
___________
[1] São os mais variados meios de comunicação de massa: impressos, Tv, Rádio, Internet etc.
[2] Sociedade Sem Pecado, John Macrthur,  Cultura Cristã.
[3] www.direitoacomunicacao.org.br , acessado em 20/01/2013.
[4] Venicio de Lima- Liberdade de expressão x Liberdade da imprensa, Ed. Publisher Brasil.
[5] Comentário Barclay do novo testamento, 1 João.
[6] Comentário 1,2,3 João- Hernandes dias Lopes, Hagnos.
[7] Sobre a Televisão, Pierre Bourdieu – Jorge Zahar Editor.
[8] Draft A, sobre o entendimento humano, John Locke.
[9] O Habitat Humano, O Paraiso Perdido- Heber Carlos Campos, Hagnos.
[10] John MacArthur, Biblia de Estudo MacArthur- Sociedade Bíblica do Brasil.